sábado, 25 de junho de 2011

Walt Disney: Liderança Transcendental

Walt Disney: Liderança Transcendental

A empresa do presente e do futuro depende do que chamo de “3L” (Líderes Lideram Líderes). Tudo parte do pressuposto que todos tem potencialidades desde a base até o topo da pirâmide. A questão é saber se o alto escalão consegue enxergar a base. Uso muito a Psicologia Positiva porque está baseada na potencialidade humana. Como exemplo, o presidente de uma construtora tem muito a aprender com o pedreiro da obra e, naturalmente, vice-versa. O que percebo nas consultorias que faço é que a comunicação entre os diferentes níveis hierárquicos é muito lento, quase parado. É como se houvesse uma barreira de concreto (ego) em cada andar que evita o fluxo de ideias de baixo para cima ou de cima para baixo. Como já disse em artigos anteriores, o problema do poder é que, de cara, você já tem um elemento chamado “ego”. É ele o responsável pelas barreiras. No exemplo acima, e generalizando, dificilmente um engenheiro, um arquiteto tem ouvidos para aqueles simples colaboradores. Se o profissional que está ao lado não tem a humildade de tentar aprender, imagine o presidente da empresa. Então, entre o térreo e a cobertura de luxo existe uma distância gigante. A ideia do colaborador é abafada no próprio andar. Não quero aqui vender a ideia falsa de que deveríamos todos os dias ter uma reunião para ouvir o pedreiro. Não é isso; refiro-me a, num princípio, informalmente, se interessar pelo que ele faz. Ele pode ter dicas de segurança que o engenheiro jamais imaginou. Ele pode ter ideias brilhantes mesmo no meio da poeira. A dificuldade de se aceitarem essas ideias é porque temos o preconceito que existem pessoas “superiores” e “inferiores”. Achamos que um diploma nos põe acima daquele que não sabe ler. Todo mundo tem algo a ensinar, desde que saibamos criar esse ambiente para o aprendizado. Eu vou continuar martelando minha ideia que a melhor universidade do mundo não é a Harvard, Oxford ou Yale. Chama-se “Universidade da Vida”. Todos estudamos nela e todos temos muito a ensinar e aprender. Com arrogância não se tira nada de ninguém. Aprender e ensinar é uma arte tirada da humildade. Aliás, a humildade já marcou vários encontros com o ego, mas ele nunca apareceu. Nunca deu satisfação. É mal educado mesmo e, pelo jeito, não tem intenção de estudar na Universidade da Vida já que lá existem muitos humildes.
Lideranças precisam entender que uma empresa é como uma orquestra. O maestro é importantíssimo, mas sem os músicos não há sinfonia. Sem sinfonia não há público (clientes). É função do maestro encantar os músicos. É, neste exato momento, no momento do encantamento que os músicos se transformam em maestros. Este encantamento entra na veia e atinge o coração do público, tornando-o fiel. Eis um dos segredos da fidelização; eis um dos segredos mágicos da liderança.

CAVALOS NÃO LIDERAM GENTE
Estudos indicam que o fator determinante na retenção de colaboradores é a relação entre líder e liderado. Especialistas afirmam que, ao contrário do que muitos possam pensar, salário influencia pouco na fidelidade do profissional ao empregador. Chefe “cavalo” (veja que não o chamei de líder), durão, tem seus dias contados. Meu argumento é simples: cavalos não lideram nem mesmo cavalos. Líderes lideram GENTE e cavalos. Estudo feito pela Right Management, empresa de consultoria organizacional, relata que o nível de fidelidade de colaboradores com empresas está em crise. 34% dos funcionários de organizações com mais de 50 empregados afirmam estar comprometidos, enquanto 50% se dizem completamente sem comprometimento. O estudo avaliou aproximadamente 40 mil funcionários em 15 países. Na maioria dos casos de demissão, as pessoas estão se demitindo do “chefe” e não da empresa. Ruy Shiozara, executivo da Great Place to Work, instituto que realiza pesquisas sobre as melhores empresas para se trabalhar, afirma que grande parte dos profissionais se baseia na relação de confiança que tem com o superior imediato. Também é importante o gosto pelo que se faz e o ambiente de trabalho que precisa ser amigável. O consultor de recursos humanos, Armando Pastore Mendes Ribeiro, acrescenta que “o salário e a promoção não aparecem nas pesquisas como fator determinante para demonstrar o grau de satisfação dos funcionários”.
Eu defendo isso há anos. Não é que não achamos salário importante, mas não é o principal fator. As pessoas estão buscando felicidade nas empresas, afinal passamos muito tempo no trabalho. Se puder ser com um ótimo salário, melhor ainda. Eu sempre defendi, por exemplo, participação nos resultados em todos os níveis. Mas o recado para os gestores é: façam seus funcionários felizes. Eu já disse várias vezes que dinheiro ne traz, nem manda buscar felicidade; é o contrário: é a felicidade, o amor pelo que se faz, que atrai o dinheiro. Tão elementar. Quando não podemos dar uma aumento salarial para um colaborador extraordinário, encontre outras formas de reconhecimento: um almoço, uma carta de agradecimento, faça algo. Atitude simples pode ser fator crucial para que colaboradores vistam a camisa da empresa. Quero lembrar que cabe ao professor encantar alunos (para que se tornem professores); cabe ao maestro encantar músicos (para que se tornem maestros) e cabe ao líder encantar colaboradores (para que se tornem líderes).

LIDERANÇA É ONIPRESENTE
Eu sei que você, leitor, tem uma pergunta. Claudemir, tudo lindo, tudo maravilhoso, então me responda porque ainda há tantos “chefes cavalos”? Existem muitas variáveis para responder, mas diria que, na visão dos acionistas, que está na cobertura luxuosa (e, portanto, não consegue escutar a base do edifício), os números ainda falam alto. Neste momento, ele não quer saber se o colaborador está sendo bem ou mal tratado. Ele não quer saber se o líder é cavalo, jumento, vaca ou urso de pelúcia. Ele está feliz pelos números. Claudemir, você está, então, me dizendo que os “cavalos” trazem resultados? Sim, leitor, trazem “excelentes” resultados, mas a curto e médio prazo. A minha visão de liderança tem uma palavrinha mágica a mais: curto, médio e LONGO prazo. Eu já vi muitos executivos, ao assumirem uma nova posição,  dizerem: “Ï will rock the boat” (eu vou chacoalhar esse barco, em geral, criticando o líder anterior), mas, no final, vi os mesmos caindo em água gelada.
E para finalizar meu pensamento: se você fosse um escravo e fosse obrigado a “produzir” mais através de chibatadas e pauladas, eu posso garantir que num curto espaço de tempo, você seria extremamente “produtivo”. Ou seja, o “medo” pode gerar produtividade e até “motivação”. A pergunta chave é: até quando? E qualquer pessoa de bom senso já sabe a resposta: duração com prazo de validade curto. Eu fico completamente abismado ao saber que no nosso século ainda existem “líderes” que se sentem orgulhosos por saber que a equipe tem medo dele. Muitas empresas acabam criando esse tipo de liderança porque a pressão por resultados é para ontem. Aí, a única forma é usar o medo como estratégia. Eu falo de produtividade e felicidade em harmonia. Eu falo de produtividade para hoje, amanhã, depois de amanhã e futuras gerações. Liderança jamais pode envolver medo. Liderança é confiança, é alegria, é Psicologia Positiva. Liderança não chacoalha barcos, mas ajusta as velas. Liderança não grita, mas inspira. Liderança é onipresente.
Walt Disney nos deixou em 15 de dezembro de 1966. Eu já não trabalho para a Disney, depois de 15 anos mágicos, pois realizei o grande sonho de abrir meu próprio instituto, e, no entanto, quando vou aos parques, não consigo deixar de pegar qualquer papel sujo que encontro pela frente. Walt deu esse exemplo a seus executivos quando passeava pela Disneylândia, dias antes de sua abertura em 1955. Ele nos ensinou que os parques deveriam ser limpos por líderes, começando por ele, e por liderados. Eu faço palestras sobre Psicologia Positiva usando meias, camisas, gravatas e relógios do Mickey Mouse. É minha forma de gratidão e uma forma de ter o Mickey sempre do lado esquerdo do peito, no meu coração, mesmo sendo seu vizinho aqui em Orlando. O que você, como líder, está fazendo que as pessoas vão querer se espelhar depois de sua saída da empresa? O que você, como líder, está fazendo para que futuras gerações se lembrem de seu estilo de liderar? Mesmo depois de sua partida deste planeta? Eu deixarei sementes da Psicologia Positiva. E você?
Isso é pensar no que chamo de liderança transcendental. Em minhas pesquisas, de mais de uma decada, sobre o homem Disney e a Psicologia Positiva, descobri que Walt também teve seus momentos de fúria animal, mas me espelho em muito que aprendi com ele, como professor e aluno da Disney University, como aluno da Universidade da Vida, e com líderes fantásticos que encontrei em todas empresas por onde
passei.
Termino com uma das frases mais encantadoras de Walt Disney: “Você pode sonhar, criar, desenhar e construir o lugar mais maravilhoso do mundo, mas é necessário ter PESSOAS para transformar o sonho em realidade”.
Eis porque o homem está mais vivo do que nunca. Eis porque seu estilo de liderança transcendeu. Eis meu fascínio por Walter Elias Disney, por pessoas e pela fascinante Psicologia Positiva. Você não gostaria de ser um líder transcendental?

Fonte:  http://seedsofdreams.wordpress.com/2011/06/21/walt-disney-lideranca-transcendental/
Claudemir Oliveira é presidente do Seeds of Dreams Institute, jornalista, pós-graduado em Marketing (ESPM) e Comunicação (ESPM), mestrado e doutorando em Psicoterapia (EUA), com foco em Psicologia Positiva. É membro vitalício da Harvard University e referência internacional em Psicologia Positiva. Vive em Orlando desde 2000. Contato:www.seedsofdreams.org  

O Clau além de tudo isso é um sonhador assim como eu é um Amigo, uma pessoa incrivel que eu admiro demais.... Meu eternos agradecimentos.... Sempre!!

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