sábado, 5 de março de 2011

MASLOW: NECESSIDADE E SUPÉRFLUO (PSICOLOGIA POSITIVA)

Estimados amigos... É com muito prazer que compartilho um texto (artigo) que um profissional que eu adimiro demais, de uma pessoa incrivel que eu admiro demais...

Clau, meus sinceros agradecimentos por sua amizade, e por compartilhar seus conhecimentos comigoque tenho sede de aprender. Obrigada pelas respostas dos e-mail e twetes que te envio. Você é incrivel!

Maslow: Necessidade e Supérfluo por Claudemir Oliveira*
     Na coluna passada, falei do grito dos cordeiros e recebi inúmeras mensagens. Em uma delas, um leitor me confidenciou que se sentia como uma galinha ciscando em terreiro cercado (caverna de Platão) enquanto sua alma é de águia, e que o texto trouxe “asas” a sua imaginação para se libertar dos matadores de sonhos.
Bebê com seu iPad 
     Neste mês, falo da ideia que, quando plantamos vento, em geral, colhemos tempestade. Nos últimos meses, tenho tido o privilégio de visitar asilos nos finais de semana com um grupo de voluntários. Várias lições e observações tenho tirado. Comecei a pensar muito na relação creche-asilo. Não sai de minha cabeça o seguinte. O mundo moderno, o mundo capitalista nos faz correr sempre atrás de um mundo melhor, principalmente financeira e materialmente falando. Para isso, o homem e a mulher, nas últimas décadas, correm desenfreadamente para essa independência. A busca pelo carro novo, o celular mais moderno, a casa com mais quartos e salas, entre outros, é constante. Com o homem e a mulher no campo de trabalho, os filhos precisam ser colocados em creches durante uma bela fase de sua vida. Quando saem de lá, entram nas escolas com uma pressão desumana para serem gênios ou infalíveis. Os pais investem tudo o que ganham em atividades extracurriculares como cursos de línguas, natação, karatê e por aí vai. As escolas criam sistemas que forçam as crianças a estudarem dia e noite. Tudo isso parece lindo, maravilhoso, com as melhores das intenções. E as consequências? Em linhas gerais, os pais estão mais preocupados em ter filhos bem formados para que eles sejam melhores e mais ricos que os filhos dos vizinhos. É muito mais uma educação voltada para a tão sonhada estabilidade financeira que educação humana. Outro dia, li que o filho da atriz Sandra Bullock tem sem próprio iPad. Detalhe: o filho dela tem 11 meses de idade. Em resumo, criança ter tempo para ser criança, ou ter mais tempo com os pais, é um mero detalhe esquecido no meio de tantas “prioridades”.
Filhos controlam Pais
     Vejo, frequentemente, filhos fazendo listas de Natal, de aniversário que mais parecem ordens. Os pedidos são de artigos ultra modernos, de última geração e não há negociação. Minha preocupação é apenas com a falta de equilíbrio que vejo nessas relações. Por “equilíbrio”, quero dizer mais limites. O mercado de brinquedos, em muitos países, é uma brincadeira de mal gosto. Minha intuição diz que os pais, inconscientemente, “compram” seus filhos com presentes, dizem sim a tudo para substituir o tempo que não tem para eles. O peso da consciência transforma presente em “presença”. É remorso inconsciente. É substituição de amor por brinquedo! Em questão de saúde, qualquer “chorinho”, qualquer inquietação da criança, entram em cena remédios. Sim, os pais estão cansados de tanto trabalhar e não tem paciência para ver filhos chorando. O remédio adormece a dor e a paz reina no lar, mesmo que seja através de uma dependência química que trará consequências, por certo. Sei que alguns pais devem estar se levantando da cadeira ao ler essas linhas perguntando quem sou eu para julgar. A resposta é que não sou ninguém. Levanto a bola para que cada um dê a sua cortada. Só isso.
     Acho lindo famílias irem aos shoppings para compras, para ver um filme, para um belo almoço no melhor restaurante da cidade. Acho fascinante ver estacionamentos lotados e as filas intermináveis em centros comerciais. O equilíbrio que me refiro é que adoraria ver, na mesma proporção, estas mesmas famílias formando filas com seus filhos para visitar, por exemplo, asilos, hospitais e até orfanatos. Repito, falo de EQUILÍBRIO. Sendo um pouquinho irônico, nesses lugares não se cobra estacionamento, não se gasta um centavo em compras. Até do ponto de vista capitalista, faz sentido. Economiza-se dinheiro.
     O tema do meu texto não fala da maioria da população mundial que não tem acesso a escolas, creches, brinquedos ou listas de Natal. Eles gritam por água e comida. Eles respiram. Estão na camada mais baixa (fisiologia) da hierarquia de necessidades de Maslow. “Estão atrás dos últimos”, parafraseando meu amigo Maurício Alexandre.
     No outro lado da moeda, está o supérfluo, que, em geral, não tem como ser apreciado porque ele não é “percebido”. Na verdade, é um dos maiores “assassinos” da humanidade. É o retrato nu e cru do egoísmo. Para mim, supérfluo é como energia passiva e perdida; é como luz guardada enquanto há escuridão; é morrer de sede e fome com água e comida sobrando. Supérfluo não cabe em caixão e não existe em outra dimensão. A carência humana o aceita, humildemente.
Dobrinhas e Ruguinhas
     Seis crianças em especial me inspiraram a escrever essa coluna: Júlia (seis anos), Gabriella (três anos), as gêmeas Cecilia e Julianna (dois anos), Luna e Xavier (um ano). As famílias as levam quase todos os domingos aos asilos. Babo mais que os próprios pais ao observar a relação que essas crianças tem com os velhinhos. Fico fascinado em ver os olhos da senhora Beatrice, 105 anos, brilhar ao abraçar aqueles anjinhos. Sonho com a possibilidade de ver mais crianças nos braços dos idosos. São como esponjinhas em busca de conhecimento. Os abraços atravessam gerações e trazem amor e carinho da melhor qualidade. Comunicam-se com os olhos, sorrisos, toques ou apenas com uma breve aproximação para um cumprimento. Que combinação mágica essa da inocência misturada à experiência! Que combinação divina dobrinhas se encaixando em ruguinhas!
     Vou fazer uma grande generalização sobre a analogia creche-asilo, dentro do contexto do que se planta, se colhe. Vamos imaginar duas cenas bem básicas. Os pais dizem para os filhos: queridos, precisamos trabalhar, estamos muito ocupados, por isso que estamos deixando vocês aqui na creche. Os anos se passam, os filhos agora são adultos e seus pais estão velhos. Os filhos dizem para os pais: queridos, precisamos trabalhar, estamos muito ocupados, por isso que estamos deixando vocês aqui neste asilo.
     Seriam asilos a colheita de uma plantação chamada creches? Sempre enfatizo minhas generalizações. Até acredito que existem pontos positivos no caso das creches (como socialização) e asilos (como atendimento 24 horas para os enfermos). O artigo está num nível mais profundo, mais relacionado com nossa correria capitalista e suas consequências. Sabe o que mais ouço nos asilos? Frases como: “Sinto falta de meus filhos”, “sinto falta de meus netos”, “sinto falta de minha família”. Eles não querem tocar num iPad para entrar no Facebook como forma de comunicação. Eles preferem tocar, suavemente, na sua face, ali cara a cara. É como se, de repente, o Claudemir inventasse o “face-to-face”, com propósitos totalmente opostos aos do Mark Zuckerberg. Os dois “produtos” podem conviver pacificamente porque eles não competem.
     Termino este artigo homenageando todos os pais que passam noites sem dormir preocupados com seus filhos amados, especialmente quando eles estão doentes; é uma homenagem justa a quem daria a vida para salvar um filho, uma filha; termino este artigo com o sonho que estes filhos amados, ao crescer, possam passar, caso necessário, noites de insônia preocupados com seus “velhinhos”; tenham todos um mês de muita Psicologia Positiva!
   
 
* É presidente do Seeds of Dreams Institute, jornalista, pós-graduado em Marketing (ESPM) e Comunicação (ESPM), mestrado e doutorando em Psicoterapia (EUA), com foco em Psicologia Positiva. É membro vitalício da Harvard University e referência internacional em Psicologia Positiva. Vive em Orlando desde 2000. Contato: www.seedsofdreams.org  

FONTE: http://seedsofdreams.wordpress.com/2011/03/04/psicologia-positiva-maslow-necessidade-e-superfluo/   Acesso em 5 de Março de 2011

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